28 de abril de 2010

Hoje pode.

Hoje pode chover
na minha pele desbotada,
no meu cabelo engomado,
- eu não ligo pra mais nada.

Hoje pode chover
eu e você
e bolhas de sabão,
na praça ensolarada.

2 de abril de 2010

poema sobre o eu

saí pela rua à procura de mim
e me achei partida e esquartejada,
qual fragmento de louça quebrada.

ali, nas paredes grafitadas;
no muro antigo, no reboco à mostra,
nas canções das esquinas,
no barulho dos carros.

era eu, e ninguém mais.
espelho, espelho meu.

era eu no olhar do mendigo.
no chapéu com esmolas.
na porta da escola.
esperando o táxi.

atravessei na faixa,
cortando o olhar dos estranhos;
que ao mesmo tempo não o são.

a poesia das ruas me mantém embriagada.