29 de outubro de 2005

Pobre Catarina!

Pobre Catarina!
Todos se assustam com a coitada da menina!

Desengonçada,
finca os pés descalços no chão.
Enfiada num vestido sem graça,
gira sozinha, ao som de um baião.

De cara lavada,
sobrancelhas e unhas por aparar,
dança Catarina.
Os cabelos soltos, encrespados pelo vento
que traz a maresia do mar.

Quando abre a boca,
Catarina não sabe o que falar.
Apenas explode num sorriso ingênuo,
vira o rosto e se põe a andar.

E os estranhos, vendo isso, não sabem o que pensar.

Pobre Catarina,
Não entendem o senso de humor da pobre menina!

14 de outubro de 2005

Poética

Eu só escrevo para gerar dúvida
múltiplos sentidos
e inquietação.

A linguagem pura,
o sentido primitivo dos termos,
esses aí eu não gosto de usar.

Cada poema meu é uma réplica,
onde a provocação se faz sutil.

Para um bom entendedor, meia palavra basta.

1 de outubro de 2005

3rd language break-up

(or “Linguistic translation of my feelings”
or “Why languages are a good metaphor for life”)

I went back to my linguistic house one day
and found out that my Italian was gone.
My English was still there.
A little awkward, maybe
A little out of date, perhaps
But faithfully there.

My Italian, however, is gone.
It took away with it all my
memories and souvenirs.

- I wonder why languages resemble people so much -

And I grieve.
The pain of forgetting a language is a different one.
Something I had not yet known.