9 de março de 2018

Diagnóstico

se escrevo poemas é grave sinal;
perdi as rédeas,
soltei o freio,
molhei o cabelo,
me expus
me dei mal.

se me solto da prosa
só pode ser rosa,
folia na alma
subindo degrau.

21 de outubro de 2014

Identidade

eu sou roda de saia
e ponta de pé.
bailarina frustrada
que sabe quem é.

18 de outubro de 2014

tudo se refaz

a poesia encantada
doce e
desvairada
passou aqui para dizer
que encontrou novos caminhos
dentro de mim.

ela - antes
perdida em vias engarrafadas -
achou vereda plana
para jorrar livre -
e sem atrasos.

14 de outubro de 2014

bom dia

hoje acordei com cheiro de poema
e cara de rosa.

hoje acordei coberta
de palavra cheirosa.

era você nos meus sonhos
me enchendo de braços;
me olhando nos olhos,
me dando compasso.

hoje acordei cheia de rimas nas pontas dos pés.

hoje acordei com sono e letra mimosa,
e já era bem mais de dez.

13 de outubro de 2014

modo de viver

me impus uma leve ditadura:
já não me publico mais em prosa,
já não faço mais pinturas.

se é para encher de mistério
o ar safado que me envolve,
então que seja assim:

que flua apenas poesia
de dentro de mim.

4 de março de 2014

Recomeçando

O amor me faz dormir prosa
e acordar poesia.
O amor me faz rosa,
bossa nova, folia.

30 de novembro de 2013

divórcio

das coisas que eu não disse
já não tenho mais lembranças.

as suas queixas internas,
a minha voz nem sempre mansa.

as vasilhas que voaram pelo ar
naquele dia em que quis te matar.

e nada disso faz sentido mais.

belo dia, você vai saber
como foi morrer
dentro de mim.