20 de fevereiro de 2006

Atrás dos olhos

Atrás dos meus olhos voa uma imagem,
E eu corro atrás dela,
no afã de capturá-la em palavras.
Ela esvoaça qual borboleta livre,
Faz pousos curtos e momentâneos.
E eu atrás, silente,
esperando que ela não se espante.

Papel em branco, convite à escrita.
Uma imagem que voa fugaz.
É tudo que tenho pra tecer meu poema,
minha pena é meu puçá.

Borboleta na rede, alegria do escritor!
É hora de começar a fiar.
Neste momento, o escrito e o visível se fundem
Numa teia de grafemas, sons e imagens,
em versos que entrelaçam
fotografia, arte e linguagem.

14 de fevereiro de 2006

Medidas Erradas

Eu queria saltar 5 anos em vez de 5 metros
Pular três poças de lágrimas
Só pra ver se lá na frente,
há um chão firme para eu pisar.

Eu queria medir o céu com os braços abertos,
Contar o tempo com os dedos,
E saber quantas melodias ainda tenho de dedilhar
no meu violão,
até esse céu clarear.

Se eu pudesse, mediria o tempo com as lágrimas,
E aí saberia quantas delas ainda preciso derramar
Até o sossego chegar.

Mas nessa vida não há atalhos.
A única medida que conheço é a dos meus passos.
Um de cada vez.
Há um caminho que eu preciso trilhar.

7 de fevereiro de 2006

Rodeios

Quero voltar a escrever
Mas o meu tempo,
Ou melhor, minha inspiração,
quero dizer,
a fonte dela,
que jorra pela minha mão,
- sabe aquela? -
Pois é…
Temo dizer,
ela se foi.

E coro diante de minhas confissões.

Passo diariamente diante de mil idéias,
Mas não tenho tempo de deixar que elas me inspirem.
Ouço o som surdo de mil palavras
Que só existem na minha mente.
E qual poeta demente, não as deixo falar.