Poemas despretensiosos sobre margaridas, manhãs de sol e tudo mais o que encanta as minhas pobres retinas.
31 de março de 2007
Agenda
implorando todos os dias,
que eu olhe para eles.
E apenas eu,
- e ninguém mais,
pode ouvir a súplica das palavras
que nem sequer existem,
mas que já querem deitar no papel.
Eu acho que preciso fechar os olhos,
e sentir mais.
e enxergar mais imagens.
e vislumbrar mais hipóteses.
e puxar mais palavras pro lado de cá.
24 de março de 2007
Poemeto
dou um tapa no meu perfeccionismo,
e me acrescento
mais dois segundos
de vida.
Saudade
de poucos aviões,
de nenhuma estrela cadente;
da chuva que caiu e passou,
do trovão que estremeceu
o vidro da minha janela.
Esse silêncio que dói e esmaga.
Esse não-saber.
15 de março de 2007
Retrato digital
te puxar no zoom da minha Pentax,
te enquadrar na zona dos 11 pontos,
e registrar seus olhos
em 6 megapixels.
E depois,
te abrir em 100% no meu monitor,
e descobrir
cada particular de você.
8 de março de 2007
Melancolia
para guardar meus pensamentos pesados.
Quis ter uma caixa de ovos,
para armazenar meus sentimentos frágeis.
Desejei uma página em branco,
para enrugar com minhas lágrimas.
Precisei de uma estante,
para organizar minhas dúvidas,
e de um porta-luvas de carro,
para repousar os meus pés cansados.
6 de março de 2007
Insistência
Eu já tentei trocar a caneta,
Escrever inclinado para a esquerda,
E disfarçar a letra da assinatura
que ponho nos meus versos.
Mudar o tema, aprimorar a técnica.
me aventurar por outras terras.
Mas vivo de metáforas batidas,
Insisto na mesma tecla;
Dou murro em ponta de faca.
4 de março de 2007
Palpitação
e ouço suas mancadas,
meu coração e minha boca
entram no mesmo ritmo.
Suave expectativa
“Se fossem meus os panos bordados do céu,
Enfeitados com luz de ouro e prata;
os azuis e sombrios panos
da noite e da luz e da meia luz;
Eu os estenderia sob os seus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob seus pés.
Pise suavemente, pois você está pisando nos meus sonhos.”
(William B. Yeats)
Eu fiz adormecerem os meus sonhos,
Por medo de que fossem desfeitos.
E tal como porcelana frágil os vejo,
Equilibrados sobre uma bandeja.
Mas, agora, eis que despertam de um doce devaneio.
Do meu quarto, ouço o som de quem entra na sala,
E me pergunto se é chegada a hora
de oferecê-los.
(São frágeis e nobres os meus sonhos;
são como louça guardada,
delicadamente adornada,
reservada para ocasião especial.)
A expectativa se faz sentir no meu corpo,
Onda de ânsia que gela e bambeia.
O não-saber me paralisa,
O desconhecido me atrai.