18 de julho de 2006

Catarina e o mar

Braços esticados ao infinito,
pés descalços na areia que recebe o mar.
Lá está Catarina, de vestido branco,
Rosto à espera do beijo,
que alguém assoprou ao ar.

Caminha sozinha até a áspera pedra,
Queda silente, a esperar.
Recebe do vento o convite à dança,
Mas a doce menina não quer dançar.

O olhar de Catarina está perdido no mar.

À sua frente o céu é um quadro,
onde o astro Sol imprimiu seu recado.
Misto de carmim, laranja e ciano,
pincelada precisa, riscou sua descida,
Foi-se esconder no oceano.

Eu observo Catarina de longe,
presa na lente do meu velho monóculo.
Talvez ela espere que o mar lhe traga resposta,
mensagem em garrafa,
que a onda consigo porta.

Faltam sons em seus lábios.
Falta o brilho em seus olhos.
Faltam-lhe os gracejos de outrora.

Catarina contempla o infinito à sua frente,
As garças, suas únicas testemunhas.
As nuvens, suas únicas confidentes.