Eu tenho várias meninas em mim;
uma para cada fase da minha vida;
uma para cada parágrafo,
estrofe e compasso,
das prosas, rimas e melodias
que faço,
uma para cada página vivida.
São minhas parceiras
de lágrimas, de brincadeiras.
Converso e danço com elas:
são minhas faces de boneca.
Quando me sinto moleca,
sou Catarina.
Quando choro de amores,
sou Isabela.
Quando me sinto ameaçada,
recuo, assustada -
sou Clara.
Faço-as protagonistas
de histórias minhas,
dou-lhes voz para, assim,
me imprimir.
Eu mesma,
em muitas meninas.