4 de agosto de 2005

Desejo Inocente

Para o Luiz

Quero publicar um poema,
mas tenho medo que me leiam mal.
Vai que ele suscite leituras não autorizadas
e mais tarde me meta em maus lençóis?

Mas é precisamente por esse motivo,
que preciso torná-lo público.
Reprimir o desejo, penso,
só o tornará mais agudo.

E depois – racionalizo,
preciso acabar com esse ar inseguro,
Dar a cara a tapa,
provocar com as palavras,
Tomar as rédeas desse jogo imaturo.


E se virem metáfora onde não há,
figuras onde jamais as imaginei,

e sentidos que nunca quis inscrever,

- a inocência que se exploda!

Eu vou escrever sem medo de me queimar.

1 de agosto de 2005

Metalinguagem

Quero sempre o fragmento
O implícito
O dito e o não-dito nas entrelinhas.

Mas preciso de verbos.
De conjunções.
Preciso de agulha e linha.

Estou sempre oscilando
entre prolixidade e vaguidão.

Há poucas referências para muitos sentidos.