9 de junho de 2006

Enigma Claro

Eu não quero comentários para esse poema.
Quero apenas escurecê-lo
com tinta guache preta.

Não quero frases emotivas,
que causem prazer,
ou que possam ser compreendidas.

Quero apenas o que é torto,
o que é feio
o que espanta,
o que assusta
o que causa repulsa.

Neste poema, pulsam meus medos.
A falta eterna de palavras
extravasa pelos meus dedos.

Estou farta de escrever pra o outro entender.
Cansei-me dos lugares comuns,
das rimas raras
da métrica que jamais alcancei.

Não sei palavras poéticas.
Desconheço verbos que impressionam.
Eu falo.

E o que falo só eu posso entender.

Eu quero um poema que é e não é.
Não quero metáforas claras
Não quero cenas de amor.
Apenas um poema escuro,
um poema sem sabor.


Esses versos conversam com estes aqui.

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